Matriz de São Tiago (Santiago do Iguape) – Cachoeira, Bahia

No ano de 1561, nos primórdios da presença portuguesa em terras brasileiras, alguns padres jesuítas adentraram pela Baía do Iguape – formada pela junção das águas do Rio Paraguaçu com as marés vindas da Baía de Todos os Santos – e construíram uma capela destinada à evangelização da população local. Na época, as terras dos arredores eram comandadas por Antonio Lopes Ulhoa, um senhor de engenho que também era Cavaleiro da Ordem de Santiago de Compostela – provavelmente esse vínculo tenha influenciado na dedicação da capela ao apóstolo São Tiago (Santiago).

Com o passar do tempo o povoamento cresceu, e a igreja recebeu, em 1608, uma licença canônica que a instituiu como matriz.

Após mais de um século, a construção primitiva se arruinou, e em 1783 (quando os jesuítas já haviam sido expulsos do Brasil devido à perseguição do Marquês de Pombal), deu-se o início da atual construção, que foi finalizada já no século XIX.

Possui fachada em estilo barroco em transição para o neoclássico, com decoração em guirlandas de pedra. Sobre a porta principal, há um medalhão com as insígnias de São Tiago. As torres possuem coroamento revestido de cacos de louças – um costume bastante utilizado no Recôncavo Baiano. O interior da igreja é simples, e tudo indica que não chegou a ser ornamentado com retábulos – constam apenas nichos com algumas imagens.

No ano de 2007, alguns baianos que haviam percorrido o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, idealizaram uma trilha peregrina para a igreja de Santiago do Iguape. Assim, criou-se um Caminho de Santiago na região.

Atualmente o local é habitado principalmente por pescadores e reminiscentes de quilombos que existiram na região. Apesar da proximidade com as casas, no ano de 2013 a igreja sofreu um roubo, quando foram levadas algumas imagens centenárias.

Não obstante, essa igreja permanece com sua beleza paisagística, inserida em um dos locais mais intocados e preservados do Recôncavo Baiano. Na paisagem, pouca coisa mudou desde quando os jesuítas ali fizeram a primeira capela.

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REFERÊNCIAS:

– Bazin, German, L’Arquitecture Religieuse Baroque au Brésil, Tome II, Paris: Librairie Plon, 1958

– Moradores do local

-www.abacs.com.br

 

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12 comentários sobre “Matriz de São Tiago (Santiago do Iguape) – Cachoeira, Bahia

  1. Eu nasci aí nessa região, me passa um “filme” na cabeça. Minha infância, meu pai trabalhando duro. Impressionante

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  2. Estive ontem na região rodando de bike e conheci as duas igrejas, São Francisco do Paraguaçu e Santiago do Iguape!

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  3. infelizmente o autor informa incorretamente acerca da igreja matriz, colocando como se fosse obrados jesuitas

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    1. O texto diz que “Após mais de um século, a construção primitiva se arruinou, e em 1783 (quando os jesuítas já haviam sido expulsos do Brasil devido à perseguição do Marquês de Pombal), deu-se o início da atual construção, que foi finalizada já no século XIX.”

      Portanto está claro que a matriz atual foi feita depois que a original se arruinou.

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Comentários

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