A Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo, teve suas origens em 1685, quando foi fundada uma das primeiras irmandades de pretos do Brasil, detentora de um altar dedicado a Nossa Senhora do Rosário na Antiga Sé da Bahia.
A atual igreja começou a ser construída em 1704 pelos irmãos negros, incluindo escravos. Em 1710 já se celebravam atos religiosos no local, e inclusive o templo abrigou também a Irmandade do Santíssimo Sacramento do Passo até que ficasse pronta a Matriz do Passo.
A fachada do templo foi feita por volta de 1780 pelo mestre Caetano José da Costa, em estilo rorcocó, com duas torres dotadas de oito pináculos proeminentes e bulbos revestidos de azulejos.

Acima, foto do século XIX, pouco antes de serem acrescentadas duas portas na fachada, ladeando a porta principal. Abaixo, foto atual.

A pintura do forro da nave é de cerca de 1780, feita pelo artista José Pinto Lima dos Reis, e representa Nossa Senhora do Rosário, a Santíssima Trindade, e dois santos da Ordem dos Pregadores, sendo um deles São Domingos de Gusmão.
O interior da igreja é decorado com azulejos setecentistas portugueses, retratando temas da devoção à Nossa Senhora do Rosário, da vida de Maria, e também da vida de São Domingos de Gusmão.

Embora haja muitos elementos em estilo rococó, o atual retábulo do altar-mor é de 1871 e de inspiração neoclássica, de autoria do entalhador João Simões de Souza.
Ao longo do século XIX o antigo o cemitério da Irmandade foi demolido, e outras modificações foram realizadas, como a construção de um altar na sacristia e o douramento da Igreja. Em julho de 1899 a Irmandade foi elevada à categoria de Venerável Ordem Terceira.

Acima, imagem de Santa Efigênia, princesa negra responsável pela difusão do Cristianismo na Etiópia nos primórdios da era cristã. Abaixo, São Benedito, filho de escravos que se tornou frade franciscano no século XVI, na Itália. A história conta que, em algumas ocasiões em que Benedito estava em profunda oração, os demais monges viram o Menino Jesus aparecer em seus braços, e por isso é sempre representado assim.
Abaixo, algumas lápides de irmãos negros pertencentes à irmandade.


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REFERÊNCIAS:
– BAZIN, German, L’Arquitecture Religieuse Baroque au Brésil, Tome II, Paris: Librairie Plon, 1958
– Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Salvador




