No período colonial havia um importante caminho terrestre que unia Salvador ao Recôncavo Baiano, e que se chamava ‘Estrada das Boiadas”. Em um ponto desse caminho, no local chamado ‘Lapinha’ (que significa pequena pedra ou gruta), situado próximo ao Convento da Soledade, foi erigida uma capela em honra a Nossa Senhora da Conceição, no ano de 1771. Ao redor da capela foi gradativamente se formando um bairro, e há registros do século XIX mencionando a “Capela de Nossa Senhora da Lapa na Estrada das Boiadas”.
Depois de mais de um século de existência, essa capela seria inteiramente reconstruída por frades agostinianos.
A cidade de Salvador teve, desde 1693, frades da Real Congregação de Agostinianos Reformados, os quais foram os responsáveis pela construção do convento de Nossa Senhora da Palma. Porém, estes foram expulsos do Brasil no ano de 1824 por ordem de D. Pedro I.
Os agostinianos somente voltariam no início do século XX, porém dessa vez pertencentes à Ordem dos Agostinianos Recoletos, uma outra vertente, surgida em 1588 na cidade espanhola de Toledo, a partir da renovação da Província Agostiniana de Castela.
Foi em 1913 que o Arcebispo da Bahia cedeu a administração da capela da Conceição da Lapinha ao Recoletos. No ano de 1925, eles empreenderam uma grande reconstrução do templo, e o arquiteto foi o Frei Leão Uchoa, de origem espanhola.
No exterior, ela seguiu o estilo neogótico, com torre central, rendilhados e pináculos.
Porém, no interior ela foi inteiramente feita no estilo neomourisco, com ampla decoração arabesca, e inclusive inclusão de palavras escritas em árabe. Juntamente com a Basílica do Imaculado Coração de Maria, no Rio de Janeiro, ela é um dos raros exemplares desse estilo nas Américas.
Existem várias teorias contraditórias acerca da presença da estética mourisca nessa igreja, mas o mais provável é que tenha havido influência da arquitetura de Toledo (cidade de fundação dos Recoletos), famosa por ter diversos monumentos em estilo mudéjar, (como, por exemplo, a Ermida do Cristo de la Luz e a Sinagoga de Santa Maria la Blanca). Outras construções mudéjares espanholas – como a Aljaferia de Zaragoza, a Catedral de Córdoba, e a Alhambra – também possuem detalhes de ornamentação que parecem ter inspirado a construção baiana.
Em 1950, a administração da igreja foi passada para os padres da Sociedade das Divinas Vocações, e somente em 1972 foi elevada a paróquia, e é atuamente um importante local de realização da Festa de Reis, em janeiro.
Acima, exterior neogótico; abaixo, interior neomourisco.


Arcadas com cenas bíblicas


Na ornamentação também há escritas em idioma árabe.

Adoração ao Santíssimo em um dos altares laterais
Abaixo, uma das arcadas e altar lateral

Abaixo, imagem centenária da padroeira, Nossa Senhora da Conceição da Lapinha.

Abaixo, colunas duplas e arcos em ferradura, característicos da arquitetura árabe.

Texto e fotos: Plinio Lins Veas
REFERÊNCIAS
https://www.stvvocacional.com.br/p/quem-somos/nossa-historia



wow!! 68Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha – Salvador, Bahia
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PA igreja de Nossa Senhora da Conceição da Lapinha tem arquitetura lindíssima e tem papel importante não só na parte religiosa , tendo a a sua festa maior , homenageando os Santos Reis no dia 06 de Janeiro .
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Acabei de descobrir essa igreja agora, montando aula sobre a Revolta dos Malês. Eu to no chão com tamanha beleza!
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