A cidade pernambucana de Goiana é um dos mais antigos núcleos de povoamento do Brasil, tendo sido sede da capitania hereditária de Itamaracá, elevada à categoria de ‘freguesia’ no ano de 1568, e tornando-se, mais tarde, polo de diversos engenhos de açúcar.
Durante a invasão holandesa, a região de Goiana foi palco de diversos confrontos, sendo que um dos mais memoráveis ocorreu em 1646, quando mulheres defenderam o vilarejo de Tejucopapo de um ataque-surpresa dos holandeses, e os repeliram sem o auxílio das tropas luso-brasileiras, que não haviam conseguido chegar a tempo. O fato ficou marcado na história do Brasil (pouco divulgado, infelizmente), e as mulheres ficaram conhecidas como “Heroínas do Tejucopapo“.
Também na região de Goiana viveu André Vidal de Negreiros, que tinha um engenho de açúcar e foi um dos principais líderes na luta contra os batavos. Após a expulsão dos holandeses a cidade voltou a crescer, passando a abrigar dois conventos, uma Santa Casa de Misericórdia, além de diversas outras igrejas (a maioria dessas construções existe até hoje).
Os negros também não tardaram a construir sua capela, onde pudessem venerar a Virgem do Rosário, a quem tinham particular devoção. Já no século XVII havia uma capela onde faziam suas práticas devocionais, e, em fins do século XVIII, foi iniciada a construção da atual igreja, em estilo barroco.
O destaque dessa igreja é o seu grande ‘frontão’ – essa elevação das fachadas é uma das principais características das igrejas barrocas da região de Goiana. Alguns arquivos mencionam que essa configuração da fachada foi concluída somente em 1835.
Dentro da igreja, o interior é singelo, e não há forro na nave central. O retábulo do altar mor é esculpido em estilo rococó tardio, e, embora tenha sofrido muitos desgastes com o passar dos anos, ainda guarda sua beleza, com proporções estreitas que lhe dão uma impulsão para o alto.
Abaixo, vista da parte posterior da igreja do Rosário, tendo ao fundo a torre da matriz de Goiana, que também é dedicada à mesma padroeira, mas sob o título de Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos.
A cidade de Goiana tem crescido e atualmente é um importante polo industrial de Pernambuco. Mas, apesar do crescimento econômico, ainda preserva pelo menos oito igrejas históricas de médio e grande porte, casarios típicos, bem como grande parte do traçado original de suas ruas – nas quais as construções mais recentes mantém-se discretas e não estragam a ambiência e o entorno dos bens culturais da cidade. Intencional ou não, em terras brasileiras esse tipo de conservação pode ser considerado quase um ‘milagre’ – haja vista, por exemplo, o horror visual recentemente causado pela especulação imobiliária em Recife, a capital pernambucana.
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REFERÊNCIAS:
– Bazin, German, L’Arquitecture Religieuse Baroque au Brésil, Tome II, Paris: Librairie Plon, 1958
– SANTIAGO, Diogo Lopes de, História da Guerra de Pernambuco e feitos memoráveis do mestre de campo João Fernandes Vieira (1634), Recife: FUNDARPE, 1984
– goianape.com.br
Lindas igrejas!
Que elas sejam preservadas.
Lindoooo monumento histórico Espiritual!
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