Nos arredores da cidade de Sabará, em um vale cercado de densa vegetação e com várias nascentes d’água, encontra-se o distrito de Pompeu, uma das localidades da antiga zona aurífera mineira.
Há ali uma antiga capelinha, dedicada ao famoso franciscano Santo Antônio (natural de Lisboa e falecido em Pádua, no século XIII), sobre a qual não existe quase nenhuma documentação. Não se sabe ao certo as datas de sua construção, e são raras as referências a essa igreja na literatura especializada.
O que se sabe é que havia ali um pequeno arraial, crescido ao redor de uma mina pertencente ao padre paulista Guilherme Pompeu. Há também um registro de batizado datado de 1731, o que permite supor que já estava construída nessa época. No entanto, a julgar por alguns aspectos artísticos, supõe-se que tenha sido erigida nos primeiros anos do século XVIII, conforme se verá a seguir.
No exterior, o adro é cercado por um muro baixo de pedra, e guarda um antigo cemitério, e também uma sineira de madeira.
Internamente, a nave principal é rústica, com um arco cruzeiro de madeira entalhada, sem pintura nem vestígios de revestimento em ouro.
Mas o que realmente engrandece essa capela é sua graciosa capela-mor, bem como seu retábulo, entalhados com as mesmas características encontradas na igreja de Nossa Senhora do Ó e também em alguns altares laterais da matriz da Imaculada Conceição – ambas localizadas em Sabará, e consideradas umas das mais antigas igrejas de Minas Gerais.
O altar de Santo Antônio ‘do Pompeu’ possui colunas torsas e arquivoltas concêntricas, decorado com pelicanos (ou fênix), folhas de parreira e cachos de uvas, e é pintado em tons de azul e vermelho. Teria sido feito pelos mesmos artistas das outras duas célebres igrejas sabaraenses? O fato é que o altar dessa capela pode ser considerado como sendo da primeira fase do barroco mineiro (Estilo Nacional Português). O pesquisador Affonso Ávila qualificou-o como sendo ‘de um barroco exuberante e orientalizado‘.
Nas paredes e forro da capela-mor, há painéis que fazem referência a fatos ocorridos na vida de Santo Antônio.

Acima, pintura mural com uma versão latina do popular ‘Responsório de Santo Antônio’: Se milagres desejais, Recorrei a Santo Antônio/ Vereis fugir o demônio E as tentações infernais/ Recupera-se o perdido, Rompe-se a dura prisão /E no auge do furacão cede o mar embravecido./ Todos os males humanos Se moderam, se retiram /Digam-no aqueles que o viram, digam-no os paduanos e outros mais./ Pela sua intercessão foge a peste, o erro, a morte, O fraco torna-se forte, e o enfermo torna-se são.
Abaixo, representação do ‘Sermão para os peixes’.
Essa bela joia do barroco mineiro, dedicada ao célebre Santo Antônio, sobrevive em sua primitiva estrutura, praticamente inalterada, e que seguramente beira os trezentos anos de existência. Infelizmente está em condições precárias de conservação, com infiltrações e necessidade de restauro artístico. Não obstante, ela conta com a boa vontade dos paroquianos e moradores dos arredores, que a mantém sempre bem cuidada e vigiada. O IPHAN possui um projeto de restauração, mas que, no momento deste artigo, ainda não foi inicializado.
Nos meses de junho e julho, é promovida a tradicional festa do padroeiro, que atrai muitas pessoas, com barraquinhas e novenas em louvor a Santo Antônio.
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REFERÊNCIAS:
– IPHAN
– Mourão, Paulo Kruger Correa, As igrejas setecentistas de Minas, Belo Horizonte: Itatiaia, 1986
Ela realmente se parece muito com a igrejinha do Ó. Talvez tenham sido os mesmos entalhadores…
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Visitei a capela de Santo Antônio de Pompeu, neste Domingo 5 /2 /2017, e fiquei muito triste em saber que um patrimônio histórico esta sendo destruído devido ao descaso dos órgão publico, não fazem nada. é uma capela barroca tem caracteristica da igreja do ó que também esta localizada em Sabará. IEPHAN não deixe a história dessa capela acabar, “um país sem história é um país sem memoria.”
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Preciso do endereço de restaurador de altares antigo centenário
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