O Recôncavo Baiano é sem dúvida uma das melhores regiões do Brasil para se percorrer quando a intenção for conhecer belezas do patrimônio católico brasileiro.
Nesse sentido, o distrito de Oliveira dos Campinhos, pertencente à cidade de Santo Amaro, é também um simpático destino que não decepciona.
Historicamente, a Freguesia de Nossa Senhora da Oliveira dos Campinhos foi criada pelo Alvará Régio de 2 de abril de 1718, sendo que o nome “dos Campinhos” foi acrescentado por ser um desmembramento da Freguesia de Nossa Senhora da Purificação e da Freguesia de São Gonçalo dos Campos.
No que diz respeito ao orago ‘Nossa Senhora da Oliveira’, sabe-se que, em terras de influência portuguesa, provém de uma antiga devoção segundo a qual o apóstolo São Tiago, após converter a população de uma determinada cidade ao cristianismo, consagrou um antigo templo pagão ao culto da Virgem, e colocou ali uma imagem dela com o Menino Jesus. Em frente à igreja havia uma oliveira antiga e seca, e que novamente floresceu, motivo pelo qual a imagem passou a ser conhecida como “da Oliveira”. Mas, independentemente desse fato, a oliveira, planta muito comum na região de Israel, é frequentemente mencionada nos textos bíblicos para simbolizar misericórdia, beleza, riqueza, fidelidade e perenidade – atributos aplicáveis à Virgem Maria.
Foi movido por essa devoção que, no mesmo ano da criação da freguesia dos Campinhos, o vigário local, padre Antonio Moreira Telles, requereu ao rei de Portugal recursos para erguer uma igreja, uma vez que a primeira capela não mais atendia às necessidades dos moradores.
Alguns anos se passaram até que fosse obtida uma planta, executada pelo engenheiro Nicolau de Abreu Carvalho. E foi somente na segunda metade do século XVIII que iniciou-se a construção da matriz atual, em uma posição centralizada em uma grande praça, de modo análogo ao encontrado na matriz da Purificação, em Santo Amaro.
A matriz de Oliveira dos Campinhos é uma formosa construção em alvenaria mista de pedra e tijolo, com seu corpo central envolvido por duas galerias externas de arcos. Seu frontão e parte das torres são revestidos de azulejos azuis e brancos, que formam um desenho xadrez.
Acerca dessa igreja, há a seguinte nota do pesquisador francês German Bazin:
Construída entre o século XVIII e XIX com um belo frontispício de duas torres, com o traçado clássico, mas sem tribunas, esse elegante edifício mostra na capela-mor um altar que é um exemplar muito gracioso de transição entre o rococó e o neoclássico
De fato, seu interior possui uma decoração harmoniosa, com azulejos portugueses emoldurando a nave central, e também diversas telas que retratam a vida de Maria. Esses quadros são de uma beleza considerável, e são atribuídos à escola artística de José da Rocha.
O coro da igreja é também revestido de pintura, incluindo um cenário em perspectiva.
Abaixo, da direita para a esquerda: a anunciação do anjo Gabriel a Maria, a visita a Santa Isabel, e o Nascimento de Jesus.
Abaixo, altar lateral com uma rara imagem setecentista do Imaculado Coração de Maria.
O púlpito é de madeira revestida de pinturas, com destaque para a figura do pelicano alimentando seus filhotes, metáfora utilizada para simbolizar Cristo e a Eucaristia.
Embora necessite de alguns reparos, a matriz de Nossa Senhora da Oliveira dos Campinhos é certamente uma das igrejas mais preservadas e intocadas do interior da Bahia, e, graças ao cuidado e ao zelo da população local, encontra-se nos dias de hoje exatamente com os mesmos altares e ornamentos da época em que foi construída.
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REFERÊNCIAS
– Bazin, German. L’Arquitecture Religieuse Baroque au Brésil, Tome II, Paris: Librairie Plon, 1958
– Site da Paróquia: www.paroquiansradaoliveira.com
– IPHAN
– Agradecimento especial ao pároco, Pe. Francisco Filho, que colaborou para a realização deste artigo.
Graciosa igreja, pouco conhecida, e o melhor de tudo, preservada! O nome do local (Oliveira dos Campinhos) parece saído de algum livro de crônicas e contos.
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Bela igreja, muito bonita, é uma obra muito preciosa, felizes vcs que tem uma relíquia dessa….. parabéns…..
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Belíssima, onde tenho gratas recordações dos anos 1940 e 50, onde fiz minha primeira comunhão e serví com coroinha, na época de Monsenhor Acelino. N. S. da Oliveira nos abençoe
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