Em Salvador da Bahia, no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, há uma grande encosta (boqueirão) que constituía uma antiga trincheira de defesa da cidade, e que atualmente é referência na divisão das cidades Alta e Baixa.
No ano de 1726, a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos (que exercia suas atividades na matriz de Santo Antônio Além do Carmo) solicitou ao Vice-Rei do Brasil a concessão de parte dessas trincheiras, para que ali, em um local com uma privilegiada vista da Bahia de Todos os Santos, fosse erigida uma igreja em honra à sua padroeira.
A construção iniciou-se na mesma época, e consta que no ano de 1750 o corpo da igreja já estaria edificado. No entanto, a maior parte dessa igreja, incluindo as torres, foi finalizada entre fins do século XVIII e meados do século XIX.
Esse harmonioso templo, além da igreja propriamente dita, possui todas as dependências próprias aos ofícios de uma irmandade: sacristia, sala de consistório, casa dos santos, uma catacumba, e um conjunto de arcadas na sua parte posterior, dispostas de forma a acompanhar a topografia local.
As torres – das quais apenas uma é sineira – são terminadas em bulbos, e estes, bem como todo o frontão da igreja, seguem o estilo rococó, com revestimento em azulejos brancos.
Na parte interna a igreja possui três altares neoclássicos folheados a ouro, além de diversas pinturas recentemente descobertas. A capela mor também possui tribunas belamente ornamentadas de talha. Consta que ali trabalharam os entalhadores Joaquim F. de Mattos e Antônio de S. Santa Rosa.
O teto, de autor desconhecido, mostra uma uma visão celestial na qual a Virgem Maria, sob o título de Imaculada Conceição, é glorificada junto à Santíssima Trindade.
Quando a igreja já estava praticamente terminada, a irmandade dos Homens Pardos (que compunham grande parte da população) foi elevada à condição de Venerável Ordem Terceira.
Acima, a capela mor, e abaixo, vista da sacristia para a Baía de Todos os Santos.
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REFERÊNCIAS:
– Bazin, German, L’Arquitecture Religieuse Baroque au Brésil, Tome II, Paris: Librairie Plon, 1958
– http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br