As notícias mais antigas referentes ao povoamento do local datam de 1690, quando o bandeirante Pedro de Morais Raposo, à procura de ouro, se estabeleceu em um vale ao redor do Rio das Velhas. A pequena vila inicialmente recebeu o nome de “Arraial das Velhas”, e depois “Arraial dos Raposos”, e surgiu na mesma época em que foi encontrado ouro na Serra de Sabarabuçu, onde atualmente se situam as cidades de Sabará e Caeté.
Juntamente com as primeiras casas do Arraial, foi edificada uma pequena ermida feita de taipa (pau-a-pique), que foi consagrada a Nossa Senhora da Conceição.
Muitos a consideram como a matriz mais antiga de Minas Gerais, uma vez que a primeira ermida do local datava do final do século XVII. Em seu estudo sobre as igrejas setecentistas de Minas, Paulo Krugger Mourão assim afirma: “Supõe-se que a freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Raposos é a mais antiga de Minas. É suposta ser seiscentista essa freguesia, havendo quem pense ter sido erigida lá pelo ano de 1690.” No entanto, dada a escassez de documentos, o mesmo autor, bem como a maioria dos demais historiadores, prefere considerá-la como ‘uma das três‘ igrejas mais antigas de Minas Gerais, tendo em vista que a igreja do Ó em Sabará, e principalmente a matriz de Matias Cardoso, no extremo norte do estado, também tiveram origem no final do século XVII.
A matriz de Raposos, que já foi mais rica do que atualmente, ainda guarda algumas características que revelam sua antiguidade. Primeiramente, notam-se arquivoltas concêntricas em alguns de seus altares – elemento decorativo muito presente na primeira fase do barroco mineiro, e que era decorrente do chamado ‘Estilo Nacional Português’. São de entalhamento simples, algo compreensível quando se considera que o templo foi construído quando o local ainda era inóspito e desprovido de bons artistas. As cores de alguns altares, com predominância em tons de vermelho e azul, também lembram o estilo encontrado nas igrejas mais antigas de Sabará. Apesar dessas características mais simples, há dois altares laterais com talha mais requintada, sendo que um destes é ornado com dossel, demonstrando que provavelmente foi acrescentado à igreja em data ligeiramente posterior, talvez em meados do século XVIII. As imagens da igreja são mais recentes, mas acompanham o estilo dos altares.
O templo possui naves laterais, divididas por arcos e colunas de madeira, à mesma maneira da matriz de Nossa Senhora da Conceição em Sabará, e também da Sé de Mariana (embora com mais simplicidade). Nos dados históricos, consta que, no início do século XIX, a matriz estava em ruínas, e foi feita uma grande reforma, na qual foi remodelada a fachada.
A respeito da padroeira – Nossa Senhora da Imaculada Conceição – bem como da frequente adoção dessa devoção pelos aventureiros portugueses, maiores detalhes e explicações podem ser encontrados clicando aqui.

Embora o interior permaneça o mesmo, a fachada da matriz de Raposos foi remodelada no século XIX.

Cruz, estrelas, lua, dragão e esfera armilar. O simbolismo encontrado no coroamento das torres é exatamente o mesmo da matriz de Nossa Senhora da Conceição de Sabará (clique aqui para ver explicação)
REFERÊNCIAS:
– Mourão, Paulo Kruger Correa, As igrejas setecentistas de Minas, Belo Horizonte: Itatiaia, 1986
– Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Raposos
– Prefeitura Municipal de Raposos