Essa igreja é uma das mais originais e bem preservadas da região Sul do Brasil. Foi construída sob os auspícios de Francisco Carvalho da Cunha, no local chamado Estância Grande, nos Campos de Viamão, durante a época do chamado “Continente de São Pedro” – território situado entre as províncias Laguna e a Colônia do Sacramento.
O início das obras dessa matriz se deu em 1766, tendo como autor do projeto o Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria. Cerca de vinte anos depois a igreja já estava em fase de finalização. O templo possui características do estilo barroco açoriano, com fachada mais larga em relação aos campanários, e, assim como outros situados na região sul – principalmente os da região das colônias jesuíticas – possui uma ampla praça em sua frente, o que confere especial destaque dentro do cenário urbano.
Possui um altar-mor e seis altares laterais, que pertenciam cada um a uma irmandade: por exemplo, de Nossa Senhora das Dores, São Miguel Arcanjo, Nossa Senhora do Rosário, Sant’Ana e Santa Luzia. A padroeira da matriz é Nossa Senhora da Conceição (para saber mais a respeito dessa invocação, clique aqui).
O retábulo mor é obra do português Bartholomeu Teixeira Guimarães – o mesmo artífice que também fez os retábulos da Igreja de Nossa Senhora da Candelária em Itu-SP, e o retábulo principal da igreja conventual do Carmo, em Santos-SP.
No século XIX, o célebre naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire visitou o local, e assim descreveu suas impressões: “O arraial compõe-se principalmente de das praças contíguas e de formato irregular, em uma das quais se ergue a Igreja. Depois de São Paulo ainda não tinha visto nenhuma igreja comparável a essa, possuindo duas torres, bem conservada, extremamente asseada, clara e ornamentada com gosto. Pelas igrejas do Brasil pode-se aferir do quanto o brasileiro seria capaz se sua instrução fosse mais cuidada e se tivesse alguns bons modelos para orientar-se. (…) Não se pode concluir daí que os brasileiros possuem um maior e mais natural sentimento das artes [que os franceses], e que, se conquistarem cultura, ela lhes custará menor trabalho e menos esforço?”
REFERÊNCIAS:
– Barros, Maria Cláudia Machado. A colonização açoriana nos Campos de Viamão e a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. In: Barroso, Vera Lucia Maciel, (Org.), Raízes de Viamão. Porto Alegre: EST, 2008.
– Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900). Porto Alegre:Editora Globo, 1971