Santa Bárbara é uma cidade mineira que surgiu nos primeiros anos do século XVIII, tendo sido fundada pelo bandeirante Antônio Silva Bueno, em 1704. O nome primitivo do vilarejo era ‘Arraial de Santo Antônio do Ribeirão Santa Bárbara‘.  O padroeiro foi o santo franciscano muito estimado pelos portugueses, nascido em Lisboa e falecido em Pádua, e que já foi mencionado no histórico de outras igrejas.

Ao longo daquele século, além de ser local de lavra de ouro, o povoado também era rota de passagem para quem ia da região de Diamantina até o Rio de Janeiro – era uma ligação do Caminho do Ouro com o Caminho dos Diamantes. Ademais, o local também ficou conhecido por sua proximidade com a Serra do Caraça, o mais alto conjunto de montanhas da região central de Minas.

Há notícias de uma igreja primitiva no local, que datava de 1713. Porém, a freguesia passou a existir em 1724, e a matriz que se vê atualmente foi construída anos depois por iniciativa da irmandade do Santíssimo Sacramento.

Nessa primeira edificação havia um altar barroco, que depois foi substituído por outro, rococó, esculpido por Francisco de Faria Xavier e Antônio Martins Passos. O altar original teve partes reutilizadas na capela do Santíssimo, que foi construída em posição transversal – costume pouco comum na região.

O frontispício e as torres originais foram finalizados em 1752. Há menção de douramento das grimpas das torres, que, segundo German Bazin, deveriam ser parecidas com as da matriz de Sabará, em forma de dragão – no entanto, estas não se conservaram, e provavelmente foram retiradas ainda no século XVIII.

Não obstante a igreja já estar quase pronta, no ano de 1760 a construção original de taipa amaçava ruir. Assim, as irmandades se reuniram, e resolveram reedificar todo o corpo da igreja.

Nos arquivos, consta também que os moradores requereram uma doação ao rei de Portugal, com o intuito de ter meios para a finalização da capela-mor – esse costume era comum em certos lugares do Brasil colonial, provavelmente mais por uma questão de prestígio do que de necessidade.

No final de sua construção, a matriz havia ficado primorosa, com seu interior sendo certamente um dos mais belos de Minas Gerais. Os últimos embelezamentos foram feitos em fins do século XVIII e início do XIX, quando foram acrescentados um coro em estilo rococó e um belo portal dourado na Capela do Santíssimo Sacramento. E o retoque final seria dado pelo Mestre Ataíde, que, em 1806, pintou os forros da nave e capela mor com os temas da Ascensão do Senhor e da Assunção da Virgem Maria.

Abaixo, o pórtico da Capela do Santíssimo Sacramento.

Abaixo, o altar mor.

 

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REFERÊNCIAS:

– Bazin, German, L’Arquitecture Religieuse Baroque au Brésil, Tome II, Paris: Librairie Plon, 1958

– Mourão, Paulo Kruger Correa, As igrejas setecentistas de Minas, Belo Horizonte: Itatiaia, 1986